segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Impressões de Leitura :Tête-à-Tête






Fazia tempo que queria ler esse livro, mas sempre protelava a compra do mesmo, por estar caro ou por não achar. Porém como o projeto de leitura de janeiro do Bastardas era lê-lo e como o mês é o mês do meu aniversário, decidi me presentear com a obra.
E que belo presente eu me dei. 
As 410 páginas desse livro são todas tão intensas, te prendem tanto que não dá vontade largá-lo.
Como é deliciosa a leitura e como é linda a história de amor que se passa nessas páginas.
Sim, porque sobretudo é uma história de amor.
Desde quando eu descobri o feminismo e consequentemente acabei descobrindo a Simone de Beauvoir, sua história e  sua figura sempre me deixaram apaixonada. A força , a coragem e ousadia dessa mulher, que ousou se impor e se destacar num mundo tão "de homens" como era, e ainda é esse nosso planeta, me fizeram também ter ousadia de romper os padrões de comportamentos submissos e conformados atirados sobre nós mulheres. 
Simone me ensinou a acreditar que eu posso e devo querer mais. Ela me deu coragem.
E saber da sua história de vida, da sua face humana, tão cheia também de dúvidas, de fraquezas, de ciúmes, enfim de sentimentos comuns a todxs nesse mundo, me fizeram admirá-la ainda mais.
Assim, eu amei a forma como autora humaniza Simone e Sartre, a forma com que ela mostra que acima de seus erros e acertos, eles eram humanos.
E sua relação, baseada no amor intelectual (muito além do físico apenas) é fonte de admiração, embora também seja cheia de erros , como todo e qualquer relacionamento. 
Em alguns momentos, a forma como eles mentiam para seus outrxs amantes ou a forma como eles usavam as pessoas (sobretudo Sartre) me chocou, porque ao mesmo tempo que eles ajudavam esses "amores contigentes" tanto financeira quanto intelectualmente, eles os envolviam num turbilhão de lances sentimentais, sem ao menos ouvi-los. Mas esse egoísmo não é também outro retrato de sua humanidade?
Eu de fato me apaixonei mais ainda por essa Simone e me decepcionei, as vezes, com Sartre, que me parece ser aqui um tanto arrogante e enganador em demasia. Enquanto ele recebia os louros de sua produções, brilhantes é claro, Simone muitas vezes era acusada de ser somente uma seguidora, não por culpa dele é claro, mas da sociedade que se incomodava por aquela mulher tão segura, independente e apaixonante.
Enfim, eu amei o livro, eu o li avidamente, eu chorei e senti pela morte de Sartre, eu chorei por Simone, e eu os amei, por aquilo que eles tiveram de melhor, além do intelecto, seu amor pela liberdade, seu amor pela vida, sua humanidade e sua vontade de viver tudo agora ao mesmo tempo.

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